TECH REVIEW | Xbox Series S: O pequeno prodígio da Microsoft

Sagitta Tech
9 min readJul 3, 2021

Originalmente anunciado em 2019, o Xbox Series X prometia ser a máquina mais poderosa para games já projetada pela Microsoft. Com lançamento programado para Novembro de 2020 (junto com o novo PlayStation 5 da Sony), os fãs de videogames aguardavam ansiosos pelo dia que poderiam conferir o console de perto.

Porém, para a surpresa de todos, dois meses antes do lançamento de sua nova plataforma de games, a Microsoft revelou o Xbox Series S. Cerca de 60% menor que o Series X, esse console compacto prometia oferecer quase a mesma experiência da máquina top de linha da empresa com um preço muito mais atrativo.

Depois de experimentar os últimos consoles tanto da Sony (PS4 e PS5) quanto da Nintendo (Wii, Wii U e Nintendo Switch), chegou o momento de eu testar meu primeiro Xbox. Nesse artigo vou explorar minhas impressões e opiniões sobre o pequeno prodígio do entretenimento digital moderno que é o Xbox Series S.

Design

A Microsoft abraçou o design utilizado nos últimos modelos da geração anterior (o Xbox One S e One X). Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque cria um padrão visual que torna fácil de identificar as máquinas da linha Xbox. Ruim pela razão de deixar os consoles muito similares entre si (além dos nomes). Não foram poucos os casos que ouvi de consumidores que compraram o Xbox One S ao invés do Xbox Series S.

Confusões à parte, o visual simplista e quase minimalista que a Microsoft adotou para o Xbox Series S é um dos grandes atrativos desse console. Sendo 60% menor em tamanho que o seu irmão, o Series X, ele cabe em qualquer sem a necessidade de mover peças da mobília para acomodá-lo.

Ele possui pequenos suportes emborrachados tanto na parte inferior quanto na lateral esquerda, possibilitando ao usuário dessa forma posicioná-lo tanto na horizontal quanto na vertical. No entanto, considerando que a saída de ar do console se localiza na parte inferior dele, a melhor forma de instalá-lo em sua residência é na posição vertical.

Porém, como os suportes são muito pequenos, o console não fica totalmente firme nessa posição, então certifique-se que ele será posicionado em um local seguro e livre de quedas violentas. Além disso, mantenha ele longe de gatos!

A grande saída de ar na cor preta pode parecer uma péssima escolha de design mas, além de contribuir na otimização da circulação de ar no console (especialmente quando ele estiver executando games que demandam maior capacidade do sistema), dá um toque especial ao seu visual.

Hardware

A fim de oferecer uma opção mais acessível aos consumidores para adentrar na nova geração de videogames (e também produzir um console mais compacto), a Microsoft teve que ajustar algumas configurações do Xbox Series S em comparação com seu irmão, o Series X.

A única característica de hardware que as duas máquinas possuem em comum é que ambas são alimentadas por um processador de 8 núcleos AMD Zen 2 personalizado. No entando, a CPU do Series X funciona com uma frequência de 3,8 GHz por núcleo, enquanto a do Series S utiliza apenas 3,6 GHz. Caso a opção de multi-threading seja ativada, a frequência cai para 3,6 e 3,4 GHz, respectivamente.

A verdadeira diferença está no poder de processamento. Enquanto o Series X ostenta 12 TFLOPS RDNA 2, o Series S tem apenas 4 TFLOPS RDNA 2. Apesar disso, ambos os consoles são capazes de oferecer suporte à tecnologia de Ray Tracing. Porém, a resolução máxima que o Series S consegue alcançar é 1440p para os jogos.

Vale lembrar que, mesmo sacrificando sua capacidade gráfica, o Series S ainda pode rodar jogos em 60 FPS nativamente, podendo alcançar até 120 FPS ao diminuir um pouco a resolução.

A última diferença em nível de hardware com relação ao Series X é que, enquanto o irmão mais potente possui 16 GB de RAM GDDR6, o Series S tem apenas 10 GB.

Nesse início de geração é evidente que os usuários irão sentir poucas diferenças em termos de performance ao comparar o Series S e X, uma vez que ainda não temos um jogo que realmente force o hardware das máquinas da Microsoft até o limite.

Além disso, o usuário precisa estar ciente que o console possui metade da capacidade armazenamento de seu irmão maior, contando apenas com um SSD interno de 512 GB. Existe a opção de expandir o armazenamento do console com uma unidade de memória mas, por se tratar de tecnologia exclusiva da Microsoft ela ainda é muito cara.

Felizmente, o Series S (assim como o Series X) permite que o usuário conecte uma unidade externa de armazenamento ao console. Porém é preciso lembrar que, ao armazenar os jogos nessa unidade, o usuário não poderá aproveitar funcionalidades como carregamento rápido e o Quick Resume (que iremos falar mais adiante).

Para aqueles que não se importam tanto com a resolução e se preocupam mais com a qualidade de experiência dos games, o Series S representa uma ótima opção por um preço mais acessível.

Sistema e funcionalidades

Por se tratar de um produto da Microsoft, o software principal do Series S é construído em cima de uma versão especial do Windows 10 (e que provavelmente será atualizado assim que o Windows 11 estiver disponível ao público). Mesmo com algumas diferenças aqui e ali, se você já é usuário de sistemas Windows, irá se sentir em casa.

No entanto, a interface gráfica do sistema é pouco intuitiva e acessível quando comparada à do PS5 ou do Nintendo Switch. Assim como no Windows 10, os recursos do console ficam organizados em categorias e em cards específicos e, curiosamente, quando você inicia o sistema, a primeira opção para se acessar não são os seus jogos.

Talvez isso se deva a estratégia de marketing da Microsoft em insistir na venda do seu console como uma “central de entretenimento multimídia”, ao invés de apenas uma plataforma de jogos. Ainda estou me acostumando com essa interface, mas com uma certa prática devo começar a me localizar com mais facilidade.

A boa notícia é que a Microsoft está alinhada com as novas abordagens tecnológicas e sabe aproveitar muito bem o uso de smartphones com o Series S. A primeira recomendação da empresa assim que você abre a caixa do console é baixar o aplicativo oficial do Xbox para realizar a configuração inicial do console.

Além de permitir a integração de seu smartphone com o console, essa funcionalidade torna a digitação de dados e senha muito mais simples quando pode ser feita diretamente da tela do seu aparelho móvel. Dentre outros recursos, o aplicativo Xbox também permite ao usuário baixar os games no Series S, gerenciar seu perfil e muito mais.

Certamente o recurso mais impressionante do Series S é o Quick Resume. Graças ao SSD interno, essa tecnologia permite ao usuário pausar o seu jogo e trocar (ou iniciar) outro jogo em questão de apenas alguns segundos! Dessa forma, você não precisa encerrar seu jogo antes de iniciar outro.

Levando em conta as vantagens dessa funcionalidade (e como ela não parece fazer o Series S nem se quer “suar” para executá-la) é incompreensível imaginar por que um recurso similar não foi implementado no PlayStation 5, por exemplo. Talvez a Sony ainda tenha planos futuros para um recurso semelhante, mas me parece uma sub-utilização das incríveis capacidades do SSD interno.

Controle

Já tive a oportunidade de utilizar controles do Xbox 360 e Xbox One e, sempre considerei os controles da Microsoft muito confortáveis e ergonômicos. Enquanto a evolução era muito perceptível entre os controles do 360 e One, o mesmo não pode ser dito em relação ao controle do Series S e do One.

Pode-se notar que alguns detalhes como a sensibilidade dos gatilhos e o botão do direcional foram aprimorados em relação ao seu antecessor. Além disso, uma textura diferenciada foi incluída na parte traseira do controle para aumentar a aderência da mão do jogador, tornando mais fácil manter o controle firma nas mãos mesmo quando elas estiverem suadas no momento mais tenso da jogatina.

No entanto, em termos de design e recursos, o controle não sofreu nenhuma modificação. Percebe-se aqui que a Microsoft claramente adotou a abordagem “se está bom, não mexa”. Isso é bom quando se leva em conta como os controles da linha Xbox sempre foram elogiados pela crítica especializada, mas deixa sua nova iteração para trás quando comparada ao DualSense do PS5.

Além disso, é estranho perceber como o modelo mais recente do controle do Xbox está mais caro no comércio eletrônico do que o DualSense. Levando em conta que este último possui recursos de toque, sensores hápticos e e gatilhos ajustáveis, é bizarro tentar imaginar por que o controle da Microsoft é mais caro.

Outra característica que o novo controle também mantém em relação ao seus antecessores é quanto ao uso de pilhas ao invés de baterias. Para muitos, isso pode parecer uma estratégia arcaica, mas deve-se levar em conta que baterias podem viciar e sofrer desgastes consideráveis ao longo de sua vida útil, enquanto pilhas podem ser facilmente trocadas.

Apesar desses vários pontos problemáticos no controle, se você já gostava da experiência utilizando um controle do Xbox 360 ou One, você se sentirá confortável da mesma maneira com o controle novo do Series S. Somente não espere nenhuma grande novidade ou surpresa vinda desse periférico.

Jogos

Enquanto a Sony e a Nintendo investem pesado no desenvolvimento de jogos exclusivos para suas plataformas, a Microsoft não parece estar interessada na mesma estratégia. Ao invés disso, a empresa continua ampliando e melhorando a sua biblioteca de mais de 100 títulos do serviço de assinatura GamePass.

Mesmo com a falta de jogos exclusivos para seus consoles, o GamePass é um serviço de assinatura excepcional. Por um preço mensal acessível o jogador tem acesso a uma biblioteca recheada de títulos recentes e antigos, além de muitos lançamentos da indústria que entram diretamente no catálogo quando são lançados.

Além disso, muitos jogos já possuem o recurso Smart Delivery, que permite ao título ser otimizado de forma a entregar a melhor experiência possível ao usuário, esteja ele utilizando o Xbox One ou os novos Series S ou X. Sem mencionar que, recentemente, a Microsoft implementou uma funcionalidade que pode aumentar o framerate de games antigos em até impressionantes 120 FPS!

Existem alguns títulos exclusivos a caminho dos novos Xbox como Halo, Perfect Dark, entre outros, mas estes ainda não possuem uma data de lançamento definida. Além disso, com a recente compra da Bethesda, a Microsoft garante que o lançamento de novos títulos da empresa está garantido para ocorrer primeiro nas plataformas Xbox.

Dessa forma, se a Microsoft começar a dedicar algum tempo e esforço para construir uma linha de qualidade de títulos exclusivos (aliado ao excelente serviço do GamePass), tanto o Xbox Series S quanto o Series X têm grandes chances de se tornarem plataformas para grandes experiências do mundo dos games.

Conclusão

Nunca tive um console Xbox antes. Na verdade, eu quase comprei um Xbox One anos atrás mas optei por um PlayStation 4 (e não me arrependo da minha escolha). Porém, com apenas alguns dias testando e jogando diversos títulos no Series S, posso afirmar que ele é a perfeita opção para o jogador que deseja adentrar na nova geração com um preço alto, mas bastante acessível em relação à competição.

Com o GamePass à disposição tenho acesso a mais games do que poderia jogar efetivamente. Além disso, levando em conta que posso trocar rapidamente de títulos utilizando o Quick Resume, não faltam opções para me divertir no Series S.

Talvez a diferença de hardware em comparação com seu irmão maior mostre as caras realmente quando títulos mais “exigentes” forem lançados, porém, mesmo assim sinto que o Series S poderá entregar uma experiência sólida, confiável e, acima de tudo, muito divertida.

Prós

  • Tamanho reduzido
  • Design simples e agradável
  • Integração com smartphone
  • Quick Resume

Contras

  • Falta de títulos exclusivos
  • Controle sem funcionalidades

Score: 8.5

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O Sagitta Tech é uma página dispara uma flecha certeira na direção do que é mais interessante no mundo da tecnologia e games, por Luís Antônio Costa.

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