REVIEW | Vivendo e “jogando” música em A Musical Story

Sagitta Tech
5 min readMar 8, 2022

Você já parou para pensar em o quanto a música é capaz de influenciar nossas vidas? Mais do que isso: o quanto de nossas vidas pode ser descrito através de melodias? Esse é o conceito por detrás de A Musical Story, uma produção indie do Glee-Cheese Studio que mistura música e narrativa em uma história tocante que convida o jogador a acompanhar o ritmo da vida das personagens.

Uma cópia digital de A Musical Story para Xbox me foi cedida para análise e, depois de passar algumas horas brincando com sons e acordes enquanto mergulho em uma história envolvente, trago uma review completa desse game de mecânicas simples mas sentimentos profundos.

No ritmo do coração

Jogos que transformam os controles de um videogame em partes de instrumentos musicais não são nenhuma novidade. Porém, desde a época de ouro das guitarras de brinquedo da série Guitar Hero, os games “musicais” evoluíram muito — especialmente no cenário indie.

A melhor forma de introduzir mecânicas musicais a um game é combinar ritmos e melodias com a estrutura narrativa. Sound n’ Shapes foi um game que passa a impressão de ter tentado tal abordagem, mas conseguido apenas acertar na parte rítmica — uma vez que o título não possui nenhuma história. Portanto, ser capaz de obter essa combinação de elementos com sucesso é algo raro de ocorrer.

Felizmente, os desenvolvedores de A Musical Story tiveram muito êxito nessa missão. Aqui a música toma as rédeas do gameplay ao mesmo que serve como tecido conector que junta diferentes partes de uma história para criar uma narrativa coesa. O jogador acompanha a trajetória de Gabriel, um jovem músico norte-americano no auge do movimento hippie dos anos 1970 enquanto ele precisa arriscar tudo para viver do seu amor pela música.

São através de curtos flashbacks que descobrimos mais sobre a vida músical do artista que agora está em coma em uma cama de hospital. Em cada uma dessas lembranças, um trecho de música acompanha a narrativa enquanto o jogador precisa acertar o ritmo dos acordes para progredir.

Uma vez que somente são necessários dois botões para tocar as notas, é relativamente simples tocar as melodias e apreciar suas conexões com a história sem se frustrar muito ao errar o compaso. Tudo isso feito de uma forma simples e intuitiva em um cenário que imita a disposição de uma música ao longo das curvas de um disco de vinil.

Alguns acordes fora do ritmo

Apesar de explorar diferentes estilos musicais dos anos 1970 ao longo dos diferentes flashbacks de Gabriel, A Musical Story é um jogo com foco no ritmo. Por essa razão, antes de tentar acertar as notas que aparecem na tela, a música irá tocar antes para que você saiba repetí-la com precisão.

Por essa razão, é altamente jogar o game utilizando headphones para obter uma maior precisão dos sons. Caso você não utilize o modo “simples” do game em que um ponteiro luminoso passa em cima de cada nota antes de ela precisar ser tocada, você terá que focar exclusivamente na sua percepção de ritmo para acertar o compasso da melodia.

Além disso, essa “assistência” é automaticamente ativada caso o jogador erre o ritmo repetidas vezes — uma forma elegante de ajudá-lo na sua experiência sem ser invasivo. Algo que talvez incomode o jogador é que o game exige que você complete toda a sequência musical com perfeição, portanto qualquer falha vai obrigá-lo a iniciar tudo desde o começo.

Para os jogadores mais desavisados, muitos podem achar que A Musical Story é um game curto, já que é possível concluí-lo em apenas algumas horas. Porém, caso você consiga completar cada capítulo sem errar uma única nota, é possível desbloquear caminhos alternativos na viagem de estrada de Gabriel ao longo dos Estados Unidos e relembrar capítulos especiais de sua vida. Uma pena que o jogo não revela esse detalhe aos jogadores, pois aumentaria seu fator de rejogabilidade consideravelmente.

Música ao longe

Além de ser capaz de combinar música com história de uma forma fantástica, A Musical Story tem um estilo visual único que combina pixel-art com aquarelas para criar uma sensação de viver um sonho psicodélico dos anos 1970. A combinação de cores contrastantes dão um charmes especial ao game e garantem personalidade à história. Uma vez que não existe nenhuma comunicação verbal no game, saber explorar o visual e a música é essencial para criar uma atmosfera envolvente para o jogador.

Por se tratar de um game musical, a música é um elemento de destaque em A Musical Story. Composto por Charles Bardin e Valetin Ducloux, cada canção do jogo captura com perfeição o estilo musical dos anos 1970 com inspirações diretas nas músicas de Jimi Hendrix, Led Zepplin e The Doors. Para bons ouvintes, é fácil identificar que cada composição musical é especial e inédita, e não apenas uma simples imitação de uma música de rock antiga.

Curto, mas envolvente e cativante, A Musical Story é um game perfeito para aqueles que gostam de boa música e de uma história que consegue se conectar perfeitamente com o ritmo de cada acorde tocado pelo jogador.

Opinião Final: OK

Por Luís Antônio Costa

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O Sagitta Tech é uma página dispara uma flecha certeira na direção do que é mais interessante no mundo da tecnologia e games, por Luís Antônio Costa.

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