REVIEW | Ghostwire: Tokyo tem fantasmas, espíritos, ação e beleza

Sagitta Tech
6 min readMar 29, 2022

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Anunciado em 2019, Ghostwire: Tokyo tinha um proposta interessante: e se Tóquio fosse dominada por fantasmas, espíritos e todo o tipo de assombração existente no folclore japonês e você tivesse que lidar sozinho com essas criaturas? Apesar de a ideia não fazer muito sentido na época do anúncio, eis que a jogabilidade mostra que ela não é tão estranha assim no mundo dos games.

Dirigido por um mestre do gênero do terror, Shinji Mikami (o mesmo de um dos títulos de survival horror favoritos, The Evil Within), o game convida o jogador a usar habilidades sobrenaturais para livrar Tóquio de forças malignas e desvendar o mistério que cerca essas aparições do outro mundo.

Consegui obter uma cópia física de Ghostwire: Tokyo para PS5 no dia do lançamento do game e, depois de passar várias horas explorando Tóquio e purificando suas ruas assombradas por espíritos inquietos, trago uma review completa desse game peculiar, assustador e um pouco repetitivo.

Quem você vai chamar? Os Caça-fan… Quer dizer, KK!

Por mais confuso que os trailers de Ghostwire: Tokyo possam ter parecido, a ideia por trás do game é bem simples: você é um jovem com poderes sobrenaturais que precisa derrotar espíritos malignos que infestaram o distrito de Shibuya em Tóquio enquanto encontra uma forma de desmanchar a névoa sombria que cobre o local e devolver seus habitantes aos seus corpos. Fácil, não é mesmo?

Na verdade, não é tão simples assim. Antes de mais nada, Ghostwire: Tokyo é um game de mistério, em sua essência. Você começa na pele do jovem Akito que faleceu em um acidente de trânsito mas foi possuído pelo espírito desencarnado do investigador sobrenatural KK.

O que irá fazer essa dupla inusitada aprender a trabalhar juntos é que seus objetivos estão alinhados. De um lado, Akito quer entender porque o líder do grupo demôníaco deseja tanto a alma de sua irmã, que está em coma no hospital. Já KK precisa encontrar uma forma de deter esse seu antigo inimigo, desafazer a névoa mortal que cobre Shibuya e restaurar os habitantes do local a suas formas originais.

Se você quiser aproveitar de verdade as interações e conversas entre essas duas personagens, eu recomendo fortemente que jogue o jogo com áudio original em japonês. Não que a dublagem americana ou brasileira sejam ruins (aliás, são muito boas), mas toda a sensação de estar imerso em uma aventura sobrenatural no coração de Tóquio se perde quando você ouve uma personagem falando em inglês ou em português.

Além disso, Akito não irá querer se separar de KK tão cedo já que o detetive não o mantém apenas vivo, mas empresta suas habilidades sobrenaturais com o poder Tecelagem Etérea para ajudá-lo a enfrentar os demônios que infestam o distrito. Essa habilidade permite que Akito controle elementos como o vento, água e fogo com suas mãos para lançar ataques devastadores contra as forças do submundo (ao melhor estilo Dr. Estranho).

Enquanto não descobre o paradeiro de sua irmã e o motivo pelo qual o vilão está coletando as almas de Shibuya, Akito e KK terão que enfrentar vários perigos, fugir da névoa assassina e purificar portões tori sagrados que estão servindo como portais para os demônios do outro mundo.

Uma passagem de volta para o submundo, por favor

Se você é curioso pelo folclore japonês, Ghostwire: Tokyo é um prato cheio para você. Chamados de “Yokai’ pela cultura japonesa, esses demônios assumem diversas formas como homens e mulheres sem rostos, adolescentes com roupas escolares mas sem cabeça e até mulheres gigantes com tesouras mortais. Cada um deles é baseado em um conto do folclore japonês e sua capacidade de aterrorizar e causar fortes danos a Akito não devem ser subestimadas.

A mecânica básica de jogabilidade do game involve escolher o melhor poder de Tecelagem para atacar seu inimigo até expor seu núcleo e usar laços de energia para arrancá-lo a força. Também é possível utilizar abordagem mais furtivas e purgar um demônio sem ser visto ou até mesmo usar talismãs de atordoamento para imobilizar inimigos mais poderosos.

Apesar de a mecânica de combate ser muito repetitiva e não oferecer muitas variações de estratégia de luta, ainda assim consegue ser um elemento divertido, desafiador e, acima de tudo, recompensador. Quando você consegue nocautear um demônio depois de desferir vários golpes, é muito satisfatório poder arrancar seu núcleo.

Um das melhores características de Ghostwire: Tokyo são as funcionalidades que o game oferece ao jogador através do uso do Dualsense do PS5. Além de gatilhos que adaptam a pressão de acordo com a arma que Akito está utilizando, KK se comunica diretamente com o jogador através dos alto-falantes do controle, aumentando o nível de imersão na jogabilidade.

Eu ❤ Shibuya

Além do gameplay divertido e dos recursos bem aproveitados do DualSense, Ghostwire: Tokyo também merece elogios pela fidelidade técnica com que reproduz o distrito de Shibuya, um dos bairros mais famosos e movimentados de Tóquio. Mesmo sacrificando um pouco o desempenho em termos de FPS vale a pena experimentar o modo “Qualidade gráfica” que traz toda a beleza do local em impressionantes 4K com 30 quadros por segundo.

Ao investigar as ruas e becos de Shibuya Akito e KK irão encontrar várias almas desencarnadas que necessitam de alguma ajuda específica, além de cães, gatos e até mesmo gatos yokai que comandam lojas para você comprar suprimentos e outros itens importantes. Não se esqueça de utilizar sua habilidade espectral para tentar ouvir o pensamentos dos animais para ouvir diálogos muito peculiares.

Infelizmente, mesmo tendo retratado o distrito de Shibuya com uma fidelidade visuais impressionante, Ghostwire: Tokyo não permite ao jogador explorar o interior de casas, prédios ou apartamentos com muita liberdade. Você ainda pode utilizar certas habilidades para andar no topo de prédios, planar e mesmo conferir itens pessoais deixados pelas pessoas, mas o nível de exploração é um pouco limitado.

Certas regiões de Shibuya e algumas seções de gameplay vão apresentar ao jogador uma versão distorcida da realidade em que o teto pode estar no chão e as paredes totalmente fora do lugar. Aqui se percebe o toque especial de Shinji Mikami ao utilizar as forças sobrenaturais para bagunçar nossa percepção de espaço e confundir a orientação do jogador — da mesma forma que ele fez nos dois games da série The Evil Whitin. Uma pena que esse tipo de mecânica não é mais utilizada, especialmente em um título que tem o terror um de seus alicerces.

Os fantasmas “quase” se divertem

Mesmo com uma história que não promete nenhuma reviravolta impressionante no fim e um combate que pode ficar repetitivo, Ghostwire: Tokyo é uma experiência única que os donos de PS5 podem experimentar sem medo. Concentando-se no bairro mais popular de Tóquio, a Bethesda e Tango Gameworks fazem um trabalho fantástico ao explorar os mistérios do folclore japonês criando uma ambientação deslumbrante e fantasmagórica ao mesmo tempo.

Uma vez que coletar almas garante pontos de experiência para melhorar suas habilidades sobrenaturais, o jogador irá gastar um bom tempo explorando Shibuya e tentando coletar os mais de 240 mil espíritos desencarnados perdidos por entre as ruas, avenidas e becos do bairro. Isso, é claro, enquanto ele tenta não ser devorado por um Yokai que, no fim das contas, só quer dar um rolê pela cidade dos mortais.

Opinião Final: MUITO BOM

Por Luís Antônio Costa

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O Sagitta Tech é uma página dispara uma flecha certeira na direção do que é mais interessante no mundo da tecnologia e games, por Luís Antônio Costa.

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