REVIEW | Cult of the Lamb é um charmoso e divertido abraço no capeta

Sagitta Tech
6 min readAug 20, 2022

O que aconteceria se pudéssemos misturar mecânicas rogue-lite com cultos satânicos? Bem, além de possivelmente incomodar muitos religiosos, você pode obter uma fusão fantástica que cria uma experiência inovadora no cenários dos jogos eletrônicos. O resultado disso é a criação mais recente do estúdio independente Massive Monster e publicado pela Devolver Digital.

Quando vi os trailers de anúncio desse game inusitado, não pensei duas vezes e comprei uma cópia digital de Cult of the Lamb para Nintendo Switch e, depois de passar várias horas brincando com meu culto particular e explorando um mundo bizarro, trago uma review completa dessa criação charmosa, divertida e com um toque maléfico aplicado na medida certa.

“O senhor já ouviu a Palavra de Nosso Senhor Carneiro hoje?”

A história de Cult of the Lamb é digna de um conto de terror de Edgar Allan Poe: você entra na pele de um simpático carneirinho de sacrifício que é trazido de volta à vida por uma figura sombria conhecida como “Aquele que Espera” que lhe dá apenas uma tarefa: juntar seguidores para seu culto satânico. Além disso, você ainda poderá se vingar de seus algozes em batalhas épicas!

Após reviver, você irá começar em sua nova base, onde você deverá colher recursos naturais, construir, cultivar, cozinhar, limpar, abençoar seguidores, dará sermões diários ao grupo e realizará rituais, entre outros deveres de líder do culto. Claro, no início você terá pouco para administrar, mas você terá fazer todo o trabalho duro. A boa notícia é que, à medida que seu culto cresce, você terá muito mais cultistas à sua disposição para fazerem todos os serviços mais pesados.

Por se tratar de um game do gênero roguelite, você também poderá se aventurar em masmorras geradas de forma aleatória em que suas habilidades de luta serão postas à teste contra inimigos e um mini-chefe. Cada uma dessas masmorras são curtas e ótimas para coletar recursos mais raros que você não poderia encontrar no mundo aberto, dividido em quatro biomas diferentes, cada um liderado por um bispo conspirador que você precisa destronar.

Ao explorar o mundo do game você também poderá coletar ouro, comida e reunir mais seguidores, além de ocasionalmente se deparar com alguns indivíduos estranhos que poderão abrir áreas novas no mapa que serão acessíveis via viagem rápida. Mas explorar esse mundo delicadamente construído e enfrentar seus perigos está longe de ser o maior desafio de Cult of the Lamb.

Cuidar de um culto não é moleza

Por se tratar de um game roguelite com uma mecânica de simulação inteligente, Cult of the Lamb mantém tudo simples no início para evitar inundar o jogador com muitas informações. A curva de aprendizado é bem construída e flui naturalmente conforme você progride no jogo. Mesmo quando sua base estiver gigante e seu culto com mais seguidores do que você pode contar nos dedos, ainda sim não será difícil gerenciar a sua seita.

Porém, nem tudo é tão fácil quanto parece. Quando um dos bispos amaldiçoa seu rebanho com doença e eles cagam por toda a cidade enquanto você está correndo nas masmorras, ou alguém morre de velhice e você esquece de cuidar do corpo, você precisa se preparar para lidar com esses e outros contratempos da melhor (e mais prática) forma possível. É como se fosse Animal Crossing, mas com mais perigos, problemas e fanatismo religioso.

Como o ciclo do jogo é diário você geralmente precisa dar sermões, cozinhar, limpar e atender alguns pedidos de seus seguidores antes de sair da cidade para explorar o mundo ou se aventurar em uma masmorra. Além disso, você precisa estar atento às diferentes árvores de melhorias disponíveis no jogo para ser capaz de aperfeiçoar as suas habilidades e a performance de seus cultistas e sua base.

Além das habilidades existem também rituais e doutrinas que podem ser desbloqueadas ao longo de sua jornada como líder do culto. Enquanto os rituais são capazes de restaurar a fé de todos em você e até mesmo ressuscitar os mortos, as doutrinas são enigmas atrelados a diferentes cultistas que podem tornar seus seguidores mais eficientes em suas tarefas, ou mais problemáticos e descontentes com a vida na base. Confesso que, dado visual fofinho de cada um dos seus seguidores é difícil dizer “não” quando eles te pedem algo — por mais absurdo que seja o pedido.

A grande dificuldade de Cult of the Lamb está em gerenciar seu culto da forma apropriada, já que o jogo nunca irá bombardear sua tela com informações e tutoriais e tudo que você precisar aprender será apresentado de uma forma bem digerível. Além disso, você precisará saber equilibrar as duas diferentes mecânicas do game (simulação e roguelite) para que você não negligencie seu culto demais ou acabe esquecendo de explorar o mundo e descobrir todos os segredos que ele guarda.

Todos saúdam o Carneiro!

São cerca de 13 a 15 horas para concluir a história principal do game — isso se você souber manejar os cuidados com seu culto com a exploração das masmorras e do mundo aberto. Infelizmente, assim que os créditos passam pela tela, Cult of the Lamb não apresenta um alto fator de rejogabilidade. Claro, você pode retornar ao seu culto e ao mundo para continuar gerenciando sua seita e descobrindo mais alguns segredos, mas as novidades não são tão significativas que faça o jogador querer investir mais de seu tempo.

As mecânicas de ação roguelite do game poderiam ter um nível maior de complexidade em termos de inimigos e armas, mas quando se considera a forma brilhante que esse gênero foi misturado às mecânicas de simulação do culto, podemos relevar esses pequenos problemas. Além disso, o visual do game é tão simples e ao mesmo tempo tão bem trabalhado nas suas animações que torna toda a experiência de gerenciamento do culto, batalhas e mesmo a temática “satânica” do game muito charmosa, divertida e desafiadora na medida certa.

Se você for um fã de jogos e ação roguelite e de games de simulação e procura por algo que realmente “foge da curva”, você irá adorar Cult of the Lamb. O game sabe entregar os melhores aspectos desses dois gêneros de forma brilhante em um pacote divertido e que se torna viciante rapidamente. Não é todo dia que você encontra um jogo com a temática de cultos religiosos, rituais satânicos e sacrifícios animais feita de forma a deixar tais temas tão leves, engraçados e acima de tudo, estimulantes. Agora vá, jogue e espalhe a boa palavra do Carneiro!

Opinião Final: Muito Bom

Por Luís Antônio Costa

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O Sagitta Tech é uma página dispara uma flecha certeira na direção do que é mais interessante no mundo da tecnologia e games, por Luís Antônio Costa.

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