OPINIÃO | Como eu aprendi a amar Pikmin

Sagitta Tech
7 min readSep 23, 2022

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Sabe quando você joga um game por alguns minutos, e nessa pequena quantidade de tempo, o jogo não é capaz de conquistar você? Uma das várias ocasiões em que isso aconteceu comigo foi com Pikmin. Me lembro que comprei Pikmin 2 para o Wii e, se joguei ele por mais de cinco minutos, foi muita coisa. Disposto a dar mais uma chance para a série, resgatei de brinde Pikmin 3 no Wii U. Infelizmente, não me animei a continuar o game depois do terceiro dia de exploração.

Os anos passam e, mesmo com o lançamento de Pikmin 3 Deluxe para o Nintendo Switch, não acreditava que valia a pena investir dinheiro e tempo em tentar me aventurar no jogo novamente. Apesar disso, um grande amigo nunca perdia a oportunidade de me lembrar durante nossas conversas de como a série era fantástica e que eu realmente deveria dar uma chance aos Pikmin. E mesmo duvidando das suas constantes afirmativas sobre o game, resolvi aproveitar uma promoção na eShop e mergulhar de cabeça no mundos dos Pikmin. Para minha alegria, meu amigo estava absolutamente correto!

1 Pikmin ajuda muita gente…

Antes de iniciar Pikmin 3 Deluxe, meu amigo já havia me avisado que o começo do game pode ser um pouco lento e demora para realmente capturar a atenção do jogador. Concordei com ele pois quando tentei jogar o game pela primeira vez não consegui passar do terceiro dia de exploração pois estava achando toda a experiência muito devagar e desmotivadora. Porém, eu consegui aprender que, após ultrapassar essa primeira barreira de desenvolvimento do gameplay, o jogo flui tão naturalmente quanto um passeio pelo parque no domingo.

Mas antes de falar sobre dias e explorações, vamos a uma breve história sobre o game e a série para que façamos as devidas contextualizações ao longo do texto. O primeiro game da série foi criado pelo gênio dos jogos Shigeru Miyamoto em 2001 para o Nintendo GameCube. A ideia por trás do título era explorar um mundo em tamanho família na companhia de simpáticas criaturas chamadas Pikmin que funcionavam como um exército particular para lhe auxiliar a cumprir as mais diferentes tarefas.

Curiosidade: Você sabia que as criaturas do jogo, chamadas ‘Pikmin’ foram nomeadas em homenagem ao cachorro da raça pastor de Shetland de Shigeru Miyamoto, chamado Pikku?

De lá para cá, a série ganhou duas continuações, um jogo mobile (Pikmin Bloom) e até uma quarta entrada, anunciada para 2023. Novos elementos e mecânicas foram adicionadas e, até o momento, Pikmin 3 Deluxe apresenta o melhor que a série pode oferecer. No jogo você pode comandar três exploradores espaciais (Aleph, Brittany e Horace) e existem cinco tipos de Pikmin: vermelhos, amarelos, pedra, voadores e azuis.

Apesar de os três exploradores possuírem as mesmas mecânicas de controle, cada Pikmin possui uma habilidade diferente. Por exemplo, os Pikmin amarelos podem ser conduzir correntes elétricas e podem ser lançados a alturas maiores. Por outro lado, os Pikmin de pedra são mais resistentes e são capazes de quebrar blocos de cristal ou paredes de vidro. Quanto aos outros, vou deixar para que os leitores descubram suas características por si mesmos quando tiverem a oportunidade de vivenciarem o game (uma parte muito divertida de toda a experiência Pikmin).

Tudo bem, sabemos que em Pikmin 3 Deluxe você controle três exploradores espaciais e é capaz de comandar pequenas criaturas para cumprir as mais diversas tarefas. Mas afinal, qual é a “graça” por trás de Pikmin? A mágica que descobri estar atrás do game é a perfeita combinação entre 3 elementos: estratégia, exploração e, acima de tudo, muito carisma.

2 Pikmin ajudam muito mais!

Pikmin 3 Deluxe seria um jogo de exploração como qualquer outro se bastasse apenas coletar diferentes tipos de Pikmin e descobrindo os mistério do mundo. Porém, a principal mecânica do game envolve ter que sobreviver durante um dia inteiro e manter o máximo de Pikmin vivos enquanto você procura por fontes de alimentos (frutas gigantes, na verdade). Caso você não reúna todos os seus Pikmin ou não os devolva para sua cebola gigante (sim, eles moram em uma nave-cebola alienígena), eles serão devorados pelas criaturas ferozes que habitam a superfície do planeta. O pior de tudo: você terá que assistir a esse espetáculo canibal e verá seus preciosos Pikmin se tornarem fantasminhas.

Cuidar de seus Pikmin talvez seja uma das tarefas mais importantes do jogo — além de coletar os alimentos para sobreviver, claro. Seja por desastres naturais ou pela mãos de criaturas ferozes, seus Pikmin correm perigo e você precisa saber muito bem como administrar suas tropas para remover obstáculos do caminho e combater seus oponentes. Por exemplo, você precisa saber que contra insetos cuspidores de fogo, vale mais a pena usar Pikmin vermelhos, que são imunes a chamas.

Mesmo com 100 Pikmin em seu esquadrão (o número máximo que o game permite) e com a possiblidade de cultivar mais se for preciso, você acaba criando um laço emocional com os pequeninos e quer protegê-los de todas as formas possíveis. Será inevitável perder alguns pequenos soldados, mas se você souber planejar suas estratégias da melhor forma é possível chegar até o fim do dia com todos os Pikmin sãos e salvos.

A exploração desse mundo selvagem — que claramente não passa do planeta Terra, mas vazio de humanos — é intrinsicamente dependente de seus Pikmin porque eles são necessários para quebrar barreiras naturais e para construir pontes. Além disso, cada criatura derrotada pode virar alimento para as cebolas fabricarem mais Pikmin. Como cada inseto e cada fruta demanda uma quantidade específica de Pikmin para ser carregada de volta à sua base, então eu sempre precisei controlar quantos e quais tipos de Pikmin eu tinha junto de mim.

Além de todas as características incríveis e mecânicas bem trabalhadas de Pikmin 3 Deluxe, certamente o que mais me surpreendeu no jogo foi como os controles precisos fazem ele fluir perfeitamente desde o primeiro momento em que você pousa no planeta inóspito. Estejam onde estiverem, sempre é possível chamar seus Pikmin com seu apito e não existe nenhuma complexidade em separar parte de seus companheiros e soldados para fazerem tarefas específicas. Os controles se mostram extremamente precisos principalmente durante as batalhas contra os chefões, insetos gigantes, que exigem muito controle de suas tropas e planejamento estratégico para serem derrotados.

E não foram apenas a forma intuitiva e agradável que o game oferece em termos de controle que me cativou durante minha experiência de exploração, mas os diálogos dos personagens e a possibilidade de tirar fotos com seus Pikmin também foram capazes de me arrancar muitas risadas. Definitivamente um dos momentos mais engraçados do game (tirando as reclamações constantes de Brittany) foi assistir o desespero do capitão Horace quando ele perdeu seu patinho de borracha motivacional que o inspirava a superar seus medos da exploração interplanetária. O game tem um humor simples, mas que serve nas situações de forma perfeita da mesma forma que um certo de Pikmin encaixam em um objeto para movê-lo do caminho.

Muitos Pikmin nunca são demais

Jogar Pikmin 3 Deluxe e me apaixonar pelo game foi uma agradável surpresa para mim. Foi triste quando cheguei no trigésimo dia de exploração e, mesmo com uma quantidade considerável de sucos na minha reserva da nave, completei a campanha principal do game. Claro, é possível retornar em um dia anterior e prosseguir no fluxo normal dos dias e evitar o final do game, mas foi incrível perceber como toda a experiência fluiu naturalmente quando comecei a pegar o jeito das mecânicas de exploração e de controlar meus pequenos soldados.

Por se tratar da versão Deluxe do game original, ainda existem algumas missões secundárias para finalizar e a possibilidade de experimentar o modo cooperativo do game, portanto não devo largar Pikmin 3 Deluxe tão cedo. Mesmo assim, já me encontro em um certo estado de ansiedade aguardando por Pikmin 4. No fim, percebo que ouvir conselhos de amigos e dar novas chances a alguns jogos pode resultar em uma experiência inesquecível.

Por Luís Antônio Costa.

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