OPINIÃO | O freio moral da sociedade
O que seria da vida humana em sociedade sem o sentimento de vergonha ou pudor? Quase o mesmo que um carro desgovernado sem freios. Apesar da forma histórica dessa sensação causar humilhação e embaraço aos indivíduos que dela experimentam, a vergonha funciona como o freio social e moral da civilização. Sem ela, provavelmente seria muito mais complicado conversar com alguém ou mesmo sair à rua.
Esse sentimento talvez seja a emoção que possui as mais diversas facetas dentre a gama de sensações humanas. Pode variar desde um momento de constrangimento ridículo até uma penosa desonra, a qual pode levar a pessoa, muitas vezes, a cometer atos injustos e insanos para se livrar do peso em sua consciência. Não é raro observar-se sociedades e culturas em que qualquer ato de humilhação ou que provoque vergonha é respondido com discussões, lutas ou até morte (nos casos mais graves).
Porém, aqueles que sabem utilizar a vergonha a seu favor, encontrarão nela uma ótima ferramenta reguladora do convívio social. Graças a ela, sabemos quando é o momento oportuno de falarmos, criticarmos ou nos expormos em uma sociedade que nem sempre estará preparada para receber nossas opiniões. A vergonha, de, sensação indigna, passa a ser o alicerce onde nossa consciência se apóia para tomar as decisões,
O segredo de saber como melhor utilizar esse poderoso sentimento com a finalidade de dinamizar a vida social funciona em descobrir o momento certo de falar e se expressar à vontade ou de reservar-se no individualismo e na introspecção a fim de evitar constrangimentos ou a tão temida “bochecha vermelha”.