OPINIÃO | As leis e a civilização
Quando os habitantes da antiga região da Mesopotâmia unir suas tribos e clãs sob um mesmo sistema mais homôgeneo e organizado, perceberam que seria necessário possuir uma ferramenta para garantir o controle dessa nova sociedade.
Dessa forma, as leis e códigos de conduta surgiram para fundamentar os alicerces da futura civilização e garantir o funcionamento correto da máquina social. Passados quase 5 mil anos de história, o correto seria imaginar que a sociedade mantém (e obviamente melhorou) a forma de utilizar essas leis, certo? Infelizmente, a realidade é diferente do que se poderia deduzir.
Encontrar exemplos de infrações e incivilidade na sociedade contemporânea é algo muito fácil. Variando desde agir grosseiramente com outra pessoa, furar filas do cinema ou do supermercado, até ultrapassar o sinal vermelho ou sonegar os impostos, aos poucos e constantemente, as leis vão sendo quebradas ou ignoradas.
Os exemplos citados podem até parecer desconexos, mas possuem mais em comum do que se pode imaginar. Ao cometer uma simples incivilidade ou um grande delito, o resultado é sempre o mesmo: a degradação e desestruturação gradual das relações sociais e da civilização, tal qual a concebíamos em nossa vã visão utópica.
Porém, se tais ações levam ao mal-funcionamento da civilização, como a máquina social ainda se mantém funcionando (mesmo que aos “trancos e barrancos”)? Através da reciclagem de ideias e da aparente sensação de segurança que o convívio em sociedade nos proporciona, o mundo se mantém no lugar e garante o funcionamento de seu controle social.
Apesar disso, a impunidade, o descaso, a falta de educação e moralidade vem corroendo aos poucos e silenciosamente a estrutura das sociedades. E no âmago de todos esses problemas, as pessoas persistem em tentar adaptar leis universais aos seus próprios desejos, quando de fato deveríamos aprender a utilizar e obedecer essas normas para assegurarmos o desenvolvimento de uma sociedade mais unida e justa.
Talvez se simplesmente pensássemos no significado do ditado “A tua liberdade termina onde começa a do próximo” antes de irmos às vias de fato, boa parte de nossos problemas sociais seriam resolvidos sem muito esforço, mas sim através de uma boa dose de bom-senso.
